O mogno nativo brasileiro é uma árvore pertencente a família das meliáceas (meliaceae) e seu gênero é o swietenia. No Brasil a espécie é nomeada Swietenia macriphylla, e seu apelido popular é de “mogno”. No Brasil esta espécie é protegida do corte por lei e descrita como espécie ameaçada em seu ecossistema natural no país, a Amazônia. Na floresta equatorial a predação criminosa de madeireiros especializados em adentrar as planícies densas da floresta para coletar árvores valiosas é uma ameaça presente apesar da proibição do corte delas por Lei federal.
Já os mognos-africanos são do gênero Khaya e são originários do continente africano e de Madagascar. No Brasil, desde estudos pioneiros da Universidade Federal do Pará, os Khaya importados e reproduzidos aqui vem sendo considerados como opções florestais viáveis para a produção comercial de madeira qualidade “nobre”.
Os Khaya africanos são nativos de florestas tropicais úmidas entre altitudes de 200 a 1400 metros, com média de temperatura entre 24-27° celsius no verão, e média de 18° celsius no inverno. Pode, ressalta-se, ela ser encontrada em florestas higrófilas subcaducifólias de baixa altitude. As Khaya em seu ecossistema originário pode atingir 60 metros de altura e 210 cm de diâmetro. Na floresta tropical, o seu tronco frequentemente é retilíneo com fuste livre de ramificações até a altura de 30 metros.
O trabalho de desenvolvimento do plantel de Khayas no Brasil são em sua maior parte das espécies Khaya grandifoliola, Khaya ivorensis e Khaya senegalensis, sendo este último a madeira de maior densidade de madeira dentre as três espécies.
No Brasil, popularmente, estas espécies são conhecidas como “mogno-africano” e já deixaram de ser completas estranhas à paisagens brasileiras. Os Khaya reproduzidos no Brasil tem sido objeto de lobbies de empresas florestais e as áreas de plantio dele cresceram muito nos últimos 20 anos. Resta, entretanto, grande incerteza sobre os resultados destes empreendimentos e a liquidez do mercado de madeira nobre maciça, uma vez que a indústria de movelaria no Brasil compete diretamente com a indústria de moveis planejados que usam compensados como material.
O uso da madeira da espécie khaya vai da movelaria à produção de barcos. Para conhecer a densidade da madeira se deve ter ela padronizada com 12% de umidade. Para conhecer a dureza da madeira, se deve usar o método de Chalet-Meudon. Além da madeira, a casca, raiz, folhas e brotos do Khaya contém competências medicinais diversas, e sua semente pode ser usada como ingrediente para sabão.
Dentre as espécies de Khaya, a característica predominante do ivorensis é madeira tenra e leve, e para o grandifoliola, mais dura e mais densa. A espécie senegalensis é de madeira dura e densa. Verifica-se nestas madeiras já trabalhadas em marcenaria o fenômeno da retratibilidade e inchamento conforme a umidade ambiente. É recomendado para os Khaya a secagem da madeira em estufa. O fenômeno da retrabilidade da prancha de madeira pode ser mensurado em escala pela variação volumétrica da madeira seca segundo a mudança de 1% de umidade.
Quanto ao solo, os Khaya preferem solos de boa drenagem. Não suportam, entretanto, longos períodos de solo seco ou, em outro caso oposto a este, de solo encharcado. Estas preferências ambientais do Khaya são idênticas para o cedro-australiano, outra espécie exótica no Brasil e objeto de desenvolvimento para a produção de madeira para movelaria.
Os Khaya apresentam melhor adaptação a argilossolos do que a latossolos devido à disponibilidade de água e nutrientes. No sítio Córrego da Anta predomina o latossolo, ainda que possua uma quantidade de argila suficiente para o desenvolvimento vigoroso do Khaya, o seu crescimento é retardado pelo clima ameno e os invernos com periódicas ondas de frio.
No sítio Córrego da Anta foram plantados em 2017 9 hectares de espécies de mogno-africano com uma densidade de 400 plantas por hectare. Após todos os desbastes programados a cada 7 anos, em 2047 teremos 80 árvores por hectare com cerca de 80 cm de diâmetro a 1 metro de altura do colo da planta.
Os Khaya exigem poda para a seleção do tronco e melhora do fuste da planta. Esta poda deve ser feita durante os meses de maio, junho e julho com o uso dos instrumentos adequados para poda e com a higienização dos instrumentos com solução desinfetante e o curativo da planta com pasta de enxofre, para evitar o contágio de cancro entre os indivíduos.
Os dois primeiros desbastes se darão até o 20° ano de idade dos mognos, idade esta em que esperamos árvores de 10 metros de fuste aproveitável para marcenaria. Quanto ao primeiro desbaste, aos 10 anos de idade, espera-se apenas peças roliças de madeira, sem qualidade suficiente para a produção de pranchas.Uma opção agroflorestal para os Khaya adequada ao sítio Córrego da Anta seria consorciar ele com a produção de Pitaia, que usaria a sua estrutura para ascender e se estruturar. Outra opção seria o plantio do palmito pupunha consorciada aos Khaya.
Formigas cortadeiras são a maior ameaça aos Khaya no Sítio Córrego da Anta. Um formigueiro de saúva consome em média 1 tonelada de folhas verdades cortadas por ano. Recentemente, introduzimos o repelente preventivo de formigas que age por barreira física. Trata-se de um grude espalhado numa faixa do caule da planta que impede que os insetos subam a planta. Este produto serve para plantas de diâmetro pequeno de caule. Percebe-se também no Sítio Córrego da Anta danos nas copadas dos Khaya causados por abelhas arapuá que em busca de resina, lesionam o estrato apical da copada do Khaya.
Uma doença constatada nos Khaya do Sítio Córrego da Anta é o cancro na base da planta, no estrato do tronco rente ao solo, provavelmente causado por um fungo da espécie lasiodiplodia theobromae. Algumas plantas apresentam esta doença, muito embora raramente alguma árvore se mostre debilitada por conta do cancro no colo do caule. O controle deste fungo é feito com a aplicação por pincel de uma solução de agua sanitária com 2.5% de calda bordalesa. Ainda não temos evidência de ataque da broca-do-ponteiro aos Khaya, caso ocorra um dia, existe suspeitas de que o consórcio do Khaya com o pau-d’alho repele este inseto causador da broca-do-ponteiro.
A adubação dos _Khaia deverá ser feita com 1 aplicação de NPK no outono após uma semana de chuva considerável para garantir a umidade do solo, em quantidade de produto por planta e formulação a ser definida por receita de agrônomo. Recomendamos por experiência no Sítio Córrego da Anta aplicar a adubação após a efetiva dissecagem da gramínea de cobertura da área, de preferência na primeira metade do outono, lançando em área total.
Caso for pedido pelo agrônomo, programar uma calagem com calcário magnesiano para aplicar no inverno.
Parte das informações deste “texto-post” foram coletadas do livro Ecologia, silvicultura e tecnologia de utilização dos mognos-africanos (Khaya ssp.), de PINHEIRO, Antônio Lelis (et al.).